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Vida de Modelo
Vida de Modelo

 

 Ao contrário do que muitos especulam, a vida de modelo não é feita somente de glamour. Roupas caras, festas, fama e dinheiro são apenas alguns aspectos da profissão. Há também o outro lado, no qual se faz necessário características como disciplina, persistência, inteligência e, principalmente, paciência.

Apenas um corpo esguio e uma aparência agradável não vão garantir o sucesso neste meio, dizem os especialistas da área. Assim como em qualquer outra profissão, é preciso se profissionalizar e trabalhar duro para conseguir destaque.

O cotidiano de toda modelo inclui a preocupação constante com a aparência, afinal de contas, este é o seu principal instrumento de trabalho. Além disso, é preciso sobreviver à rotina frenética dos castings (processos de seleção), às viagens e aos trabalhos, nem sempre tão gratificantes.

Ainda em desenvolvimento, o mercado da moda no Rio Grande do Norte também é

Foto: Elpídio Junior
Camila Lemos, modelo de 25 anos.

 apontado como fator que dificulta a vida das modelos. De acordo com Camila Lemos, de 25 anos, o estado sofre com a falta de profissionalismo, tanto dos contratantes quanto das próprias modelos.

“Aqui os cachês são menores que no Ceará ou em Pernambuco, por exemplo. Isso pode ser visto como um reflexo da mentalidade dos clientes, que não acham necessário a contratação de modelos para ilustrar as campanhas. Muitos deles preferem pegar uma parente arrumadinha e fotografar ao invés de investir em um trabalho elaborado ”, comenta.

O comportamento desregrado de algumas modelos, segundo ela, também pode ser consequencia do mercado ainda amador do estado. “Já vi meninas mudarem o cabelo e a maquiagem feita pelo profissional porque não haviam gostado do resultado. Isso não é para acontecer, a modelo tem que se comprometer a realizar o seu trabalho e não interferir no trabalho dos outros”, diz.

De acordo com o modelo Rodolfo Íkaro, de 26 anos, os colegas que apresentam tal postura não permanecem impunes. “Quem se comporta dessa maneira anti-profissional fica visada entre os agentes e pode correr o risco de perder trabalhos futuros. Na gíria do meio, a pessoa é gongada”, explica ele.

Apesar do cenário, ambos concordam que atualmente o estado tem apresentado boas ofertas de trabalhos aos modelos nas áreas de fotografia, vídeo, passarela e eventos. Na avaliação de Camila e Rodolfo, este último segmento pode ser classificado como o mais difícil. “Trabalhar com eventos é sempre muito cansativo”, revela Camila.

Foto: Elpídio Junior
Camila Lemos, Rodolfo Íkaro e Raiane Cavalcanti.


A opinião também é compartilhada pela modelo Raiane Calvacanti, de 21 anos. De acordo com ela, trabalhos deste tipo normalmente exigem muito dos modelos. “Quando trabalhamos com eventos temos que lidar diretamente com o público, e isso às vezes pode ser complicado, além disso, temos que ficar horas em pé em cima de salto altos, com apenas um pequeno tempo pars o intervalo”, disse.

Para Raiane, os trabalhos de passarela são os mais prazerosos. “Adoro desfilar”, conta ela, que caiu de paraquedas no mundo da moda, ao ser encontrada por um olheiro. “Nem pensava em seguir essa carreira, nunca tive esse sonho, mas depois que comecei me apaixonei pelo meio”, comenta ela, que apesar da pouca idade, já se considera uma modelo veterana, pois trabalha no ramo desde o ano de 2003.

Assim como ela, Camila e Rodolfo também entraram no mundo da moda por acaso. Ela foi inscrita por um amigo em um concurso da agência, acabou ficando entre as finalistas e conseguiu um contrato; já ele foi achado por um olheiro enquanto passeava pelo shopping.

New faces

Se para os modelos mais experientes o mundo da moda pode parecer duro, o que dizer dos jovens em início de carreira, os chamados new faces? Jully Lima, de apenas 14 anos, sempre sonhou em seguir a carreira de modelo. Trabalhando na área há apenas um ano, ela analisa atualmente a possibilidade de se mudar para Tóquio a trabalho.

Apesar da pouca idade, Jully se mostra confiante e determinada quando diz que não quer fazer outra coisa da vida a não ser trabalhar como modelo. Nem mesmo as críticas

 
Jully Marques afirma que existe preconceito com os modelos.

inerentes à profissão abalam seu otimismo. Sobre os eventuais “nãos” que recebe de alguns clientes, ela apenas comenta: “a gente tem que saber ganhar e saber perder. Se não foi daquela vez que você conseguiu o trabalho poderá ser da próxima”.

Apesar de não precisar se preocupar com o próprio sustento, o dinheiro conseguido com o seu trabalho é muito bem-vindo. Segundo ela, parte dele é guardado para emergências e o resto é gasto com roupas, acessórios e coisas de seu interesse.

Para ela, ser uma new face possui apenas um aspecto negativo que a deixa em desvantagem em determinados momentos: o preconceito de alguns contratantes. Segundo conta, as modelos mais novas não são as preferidas dos clientes pois ainda não são experientes. “Muita gente diz que não existe preconceito, mas existe”, diz.

Lucca Suma, de 18 anos, também é um new face. Ele trabalha como modelo há um ano e, assim como Jully, deseja seguir carreira no mundo da moda. No entanto, ele revela possuir um plano alternativo, caso o desejo não se concretize. “Quero seguir carreira, mas vou continuar estudando e fazer uma faculdade”, afirma.

Foto: Elpídio Junior
Lucca Suma



Por ainda ser iniciante, ele revela que procura sempre se espelhar no trabalho de seus colegas mais experientes, observando e pedindo dicas aos modelos veteranos. “Eles me ajudam quando eu preciso e eu acho isso importante para quem ainda está começando, como é o meu caso”.

Palavra de profissional

“Ser modelo não é para quem quer, é para quem pode”, resume o fundador da agência Tráfego Models, George Azevedo, que já trabalha no ramo há mais de dez anos. Segundo ele, a melhor dica que se pode dar à alguém que deseja seguir esta carreira é a seguinte: procurar a avaliação de um profissional do meio.

“Como este é um desejo que mexe muito com a cabeça e o imaginário das adolescentes, não é raro ver gente oportunista tentando tirar vantagem disso, oferecendo cursos e mais cursos à meninas que muitas vezes têm condições de seguir a carreira de modelo. Daí a importância da análise do profissional sério, é ele quem vai ser sincero e dizer se existe chance ou não”, explica George.

Aos que já conseguiram entrar no meio mas que ainda não estouraram, a dica do empresário é outra: maneirar na ansiedade. Segundo ele, o nervosismo e a inquietude são os principais inimigos. “Alguns modelos querem ascender de forma rápida e, para isso, acabam por tomar atitudes imprudentes que podem influenciar negativamente em suas carreiras”, afirma.

Estas atitudes, observa, vão desde a escolha de trabalhos “errados” até a intromissão da família. “Algumas mães costumam intervir na tentativa de melhorar a situação dos filhos, mas isso geralmente acaba mal e isso sempre acaba prejudicando mais do que ajudando. A única coisa que a mãe pode fazer para ajudar nesta situação é dar apoio e amor aos filhos”, comenta

Para George, o modelo que deseja crescer no ramo precisa de paciência,disciplina e inteligência. Aliando estas três características ao talento, o profissional terá capacidade de consolidar uma carreira de sucesso.